O EVANGELHO BÍBLICO, É O QUE QUEREMOS?
por Anselmo Lima
Desde que o Senhor me atraiu, tenho sentido um profundo anseio de ver uma igreja gloriosa, como a comunidade primitiva: cheia de realidade, dons e prodígios; uma reunião de homens cheios do Espírito Santo e da mesma autoridade que, naquela época, era tão evidente. Hoje, um pouco mais consciente do que isso significa, fico me perguntando se, de fato, é um desejo sincero? tenho certeza disso? Será que compreendo as consequências que isso carrega?
Costumamos observar os aspectos apenas pelo lado dos frutos, pelas consequências que julgamos necessárias e que trazem realidade espiritual ao evangelho em que cremos. E isso, de verdade, é maravilhoso. Afinal, quem não deseja ver milagres e manifestações do poder de Deus?
Todavia, nunca havia parado para pensar que uma igreja com essas características também carrega o peso da santidade de Deus, a qual deve ser refletida em todos os seus filhos. Não há espaço para uma vida dúbia; não há lugar para enganos, invejas, ciúmes, ganância e outras angústias carnais. Se desejamos ver as manifestações do poder do evangelho de Cristo, não podemos esquecer também como esse poder se revelou na vida de Ananias e Safira. Eles morreram pelo intento de seus corações enganados, que, penso eu, estavam cheios de inveja e de intenções malignas, desviadas do Centro, que é Cristo.
O texto mostra claramente que eles agiram como quem disputa uma posição de importância, e o fizeram a qualquer custo, chegando ao ponto de mentir ao próprio Senhor. Permitiram-se afundar no lodo das astutas ciladas do diabo. Pedro, um presbítero (que tanto precisamos e pedimos para nossos dias), foi a voz do Senhor para trazer juízo àquela situação.
Fico imaginando, hoje, quantos prejuízos o corpo de Cristo tem sofrido por não termos mais “Pedros” em nossos dias, não pelo homem Pedro em si, obviamente, mas pelo que Pedro carregava. Queremos o evangelho de poder, inclusive com Pedro, mas apenas em pequenas partes, não em sua totalidade. E desejamos um Pedro politicamente correto, sem exageros.
Ah, sim, pois aquele agir apostólico seria considerado um exagero e um abuso de posição, visto até mesmo como um ato de feitiçaria por muitos teólogos entre nós. Um verdadeiro absurdo!
Todavia, não podemos mutilar o evangelho de Cristo e continuar acreditando que está tudo bem. Esse é um dos maiores engodos propagados ao longo dos séculos. A igreja vem fabricando “crentes”, sim, fabricando, pois, uma conversão genuína diverge completamente do que vemos hoje em nossos cultos a Deus e na vida daqueles que se dizem convertidos. Não me refiro aos novos convertidos, que ainda estão bebendo leite, mas àqueles que se intitulam pastores e mestres, profetas, missionários, presbíteros e bispos, e não refletem sequer uma expressão de Cristo. Não andam como Cristo, não olham como Cristo, não falam como Cristo; não têm nada de Cristo, não o Cristo bíblico.
Se o poder de Deus se manifestasse como em Atos 4 e 5, muitos, eu diria, a grande maioria, cairiam como Ananias e Safira, pelos intentos do coração. Inclusive EU, pois confesso: quantas vezes fui tolo diante da Verdade de Cristo e néscio quanto à Vida que recebi.
Dito isto, retorno às perguntas:
Estamos prontos para viver o evangelho de Atos?
Temos caminhado de forma digna do Senhor?
Nossa vida é realmente “uma” com a do Senhor?
São perguntas que precisamos responder com sinceridade, não para meramente nos punirmos, pois a autopunição não nos ajudará muito, mas para refletirmos e nos imbuir a pedir a ajuda do Senhor, na correção de nossas faltas. Afinal, sem Ele nada podemos fazer.
Senhor, mostra-nos quem somos e como temos sido negligentes com a Tua graça, teimosos e desobedientes à Tua voz. Conduze-nos a águas tranquilas e campos verdejantes, para que possamos descansar em Ti e, assim, ouvir a Tua doce voz e obedecê-La. Amém!