
Tg 4:11:
Não faleis mal dos outros, irmãos. Quem fala mal de seu irmão ou o julga, fala mal da Lei e julga-a. Ora, se julgas a Lei, não és cumpridor da Lei, mas sim, seu juiz.
À luz deste versículo, e considerando o contexto dos versículos anteriores, podemos compreender com mais clareza que o ato de "julgar" é frequentemente mal interpretado pelos cristãos. Versículos como este são comumente utilizados como forma de defesa diante de alguma correção, acusação ou apontamento relacionado a erros, condutas ou estilos de vida que outros irmãos em Cristo identificam e, movidos por amor, desejam orientar ou corrigir.
A ideia transmitida por esse texto não é a de alguém que está exortando ou corrigindo com amor e responsabilidade, mas sim de alguém que pratica a maledicência — falando mal de outra pessoa diante de terceiros, como em uma fofoca ou algo semelhante. Trata-se, portanto, de um julgamento leviano, feito de maneira imprópria, e não conforme o padrão das Escrituras, que orientam a correção fraterna de forma direta e respeitosa, "olho no olho, ombro a ombro".
De fato, alguém que compreendeu os versículos anteriores e experimentou o que significa humilhar-se diante de Deus — alguém que tem buscado purificar-se, afligir o próprio coração, como quem vive um luto acompanhado de choro em busca de rendição ao Senhor — não poderia continuar agindo da mesma forma, mantendo atitudes de maledicência contra o próximo. Essa conduta não condiz com a Vida de Cristo, pois quem foi tocado por essa verdade é transformado em seu modo de pensar, falar e agir.
Essa é uma realidade da vida cristã que precisa ser vivida de forma autêntica e profunda — não apenas compreendida intelectualmente ou limitada à razão.
O caminho para que essa experiência se torne verdadeira e transformadora está justamente nos ensinamentos: "Submetei-vos, pois, a Deus", "Aproximai-vos de Deus" e "Humilhai-vos diante do Senhor". É por meio dessa entrega que Ele nos exalta — elevando-nos, amadurecendo-nos e conduzindo-nos a uma vida abundante em graça.
Gostaria de fazer uma breve observação sobre o que entendo a respeito da expressão "Ele vos exaltará". Não creio que, no contexto dos versículos de Tiago, essa exaltação se refira a algo terreno — como bênçãos materiais ou conquistas no âmbito secular. Ao meu ver, trata-se de uma exaltação muito mais profunda e valiosa: uma elevação espiritual, uma ascensão às alturas da graça e da maturidade em Deus.
Essa exaltação está diretamente ligada ao resultado do processo descrito em Tiago 4:6-10 — um caminho de humildade, rendição e aproximação sincera do Senhor.