A VIDA CHEIA DO ESPÍRITO E A REALIDADE DA GRAÇA

A VIDA CHEIA DO ESPÍRITO E A REALIDADE DA GRAÇA

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por Anselmo Lima

20/11/2025

A Escritura nos instrui com clareza quando diz:

Efésios 5:18 

NVI: “Não se embriaguem com vinho, que leva à libertinagem, mas deixem-se encher pelo Espírito.”

Bíblia de Jerusalém: “E não vos embriagueis com vinho, que é uma porta para a devassidão, mas buscai a plenitude do Espírito.”

Essas palavras revelam uma verdade essencial da vida cristã: viver cheio do Espírito não é um evento isolado, mas um estado contínuo, um relacionamento que não se interrompe. É como uma chama acesa que não perde intensidade. Essa realidade é possível, é vivível, mas não acontece em uma vida espiritual superficial. A experiência comum da fé produz uma espiritualidade proporcional; porém, a vida mais profunda, aquela vida mais alta que as Escrituras apontam, nos conduz para uma plenitude constante e crescente.

Quanto mais de Cristo se busca, mais de Cristo se alcança. Não porque o ato de buscar produza mérito, pois é evidente que não temos mérito algum diante de Deus. Tudo é graça. Mas existe graça disponível, abundante, para os que O desejam intensamente, para os que O querem de verdade. A graça é gratuita, mas custou um preço inestimável.

A própria Bíblia nos orienta a andar em Cristo de maneira digna do Senhor. Mesmo assim, muitos resistem a essa ideia. Vão enfatizar que é “pura graça”, como se isso estivesse em contradição com a necessidade de santificação e entrega. Mas essa não é uma contradição; é exatamente o ponto. Basta olhar para a igreja, para a vida espiritual de muitos irmãos: a graça da qual estamos falando parece estar em falta. Não vemos, com frequência, homens e mulheres vivendo consagrados e santificados. E isso deveria ser justamente o reflexo da graça operante.

Sim, é pela graça, totalmente. Graça sobre graça. Mas essa graça carrega consigo um peso de glória, um impulso santo, uma inclinação interior para uma vida consagrada. Não acredito que alguém que tenha experimentado a graça em seu aspecto mais profundo consiga se contentar com uma vida rasa, sem intimidade contínua com Cristo. Quem já provou essa realidade não quer perdê-la.

No início, por não compreendermos bem o caminho para uma vida cheia e real, temos apenas experiências passageiras. Momentos sublimes, porém breves; horas, dias, talvez semanas. Mas quando não há correspondência da nossa parte, essas experiências se dissipam. E alguém pode perguntar: “então a graça não é o favor imerecido de Deus?” É aqui que muitos se confundem e deixam escapar uma verdade sutil, mas essencial.

 “A graça e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo.” (João 1:17)

Sim, Ele nos deu e continua nos dando graça. Mas manter a porção viva, ininterrupta, requer santificação, esvaziamento do eu, comunhão constante com Cristo. Exige uma vida entregue de verdade. É assim que graça sobre graça, porção sobre porção, mantém a comunhão viva como um estado contínuo, quase simbiótico, onde nossa vida e a dEle se entrelaçam de maneira perceptível.

Com o tempo, aquilo que antes era uma experiência temporária torna-se mais constante e duradoura. Nosso falar, nosso ouvir, nosso olhar, tudo começa a ser guiado pela proporção da graça que recebemos e preservamos. À medida que o ego é mortificado, Cristo ocupa o espaço interior. Onde antes havia “eu”, agora há Cristo. Graças a Deus pela graça da vida de Cristo em nós. Isso só é possível pela graça, mas não esqueçamos dos depósitos dessa graça, que precisam ser preservados.

Uma comunhão ininterrupta com o Senhor exige plenitude de entrega. Adorá-lo em espírito e em verdade não é exaustivo nem momentâneo; é um deleite que se renova. Mesmo nas atividades comuns do dia a dia, a graça nos chama para a comunhão. Ela nos convida a permanecer no lugar interior onde Cristo governa. E quando nos sentimos fracos, o que temos é a graça. E se por descuido não preservamos as porções recebidas, Deus, em Sua misericórdia, nos alcança com uma nova medida, um renovo.

Mas, infelizmente, muitos de nós não anseiam por mais de Deus. É como se estivessem satisfeitos com pouco, e isso é triste e perigoso. Porque a graça verdadeira desperta fome, não apatia; desperta busca, não acomodação. Quem já provou a plenitude jamais quer voltar ao superficial.

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Comentários (2)

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Daniel
20/11/2025 21:04
Amém, amado. Deus continue te fazendo crescer na Graça e no conhecimento dEle.
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Anselmo Lima
21/11/2025 01:01
Amém! Para a glória de Deus
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